Após o nascimento dos dois filhos mais velhos (o terceiro viria a nascer em 1972), o casal Reis Bravo, que estava já integrado no meio comercial de Nampula, procurou sempre que os mesmos tivessem as experiências normais dos rapazes da Província, na época. Para além de outras amizades já solidamente estabelecidas, deve salientar-se a da família composta por José Miguel Morgado (futuro reitor do Liceu de Nampula e Presidente da Câmara Municipal) e Maria Dulce Morgado, que foi professora primária de Jorge, e com quem sempre mantiveram relacionamento de grande amizade. Muitos outros amigos – alguns já falecidos – integravam o seu círculo de relacionamento social, no qual se incluíam Dégio (desenhador técnico municipal) e Ju Moutinho (da Pendray & Sousa) e seu filho Luís, Arnaldo Constantino e família, a família Nazaré (da Espingardaria Nazaré), a família Marcelino e Luísa Cruz (contabilistas) e seus filhos. Os irmãos em Angoche, em 1967
A escolaridade de António (Tó) e Jorge foi nas Escolas Primárias Roberto Ivens e Pêro da Covilhã, tendo Jorge feito a 3.ª classe em Castelo Branco, onde esteve com os avós, por motivos de saúde, onde teve como mestre o saudoso Professor Tomé, na Escola do Bairro do Cansado.
É de evidenciar a qualidade do ensino nessa época ministrada, sendo de elementar justiça realçar o magistério das professoras Maria Dulce Morgado e Fernanda Louçã, cuja metodologia de trabalho e dedicação aos alunos ficaram como exemplo para Jorge. De sublinhar, ainda, a orientação que Jorge tinha com a Professora Lizete Matias (irmã da Professora fernanda Louça e esposa do Director Escolar, Dr. Matias), por ser colega do filho, Francisco Matias, e com ele estudar e brincar em conjunto.
As Férias de família eram passadas quase invariavelmente na praia das Chocas e os tempos livre de fim-de-semana, na piscina do Ferroviário. Os irmãos na Piscina do Clube Ferroviário
Podem também recordar-se professores do então chamado Ciclo Preparatório – que funcionava na Escola (Técnica) Industrial e Comercial Neutel de Abreu –, como o professor Hermínio Cruz (Matemática), os Mestres Kay e Pereirinha (Trabalhos Manuais), o Professor Vamona Sinai Navelcar (Desenho) – conhecido como “Ganesh” nos circuitos internacionais das Artes Plásticas –, artista de enorme talento, o Professor Aristides Abreu (Francês), que muita influência tiveram na instrução e na formação integral (técnica, artística e humana) dos irmãos. Já no Liceu Gago Coutinho, não seria legítimo esquecer a Professora Gulbano (Geografia) e os Professores Câmara Pestana (Ed. Física) e esposa, Maria da Luz (Francês).
O sistema de ensino, na época, não era inclusivo, não providenciando escolarização à grande maioria das crianças nativas. Havia, é certo, colegas negros nas escolas da cidade, que eram sobretudo filhos de operários especializados (sobretudo dos Caminhos de Ferro e firmas da cidade), de enfermeiros, de funcionários da administração, os quais, apesar de integrados, eram uma minoria. A escolarização das camadas da população nativa era feita maioritariamente nas Escolas das Missões católicas e protestantes, e nos Seminários e, no tocante a escalões etários superiores, nos Cursos Nocturnos, que eram ministrados na Escola Técnica Neutel de Abreu.
A família no Parque Felgueiras e Sousa António e Jorge nunca foram especialmente cumpridores dos deveres (voluntários) da Mocidade Portuguesa, que vela, canoismo, parquedismo, ténis de mesa e outras) que, apesar de tudo, revestiam inequívoco interesse para a formação integral dos jovens. Porém, as atenções da altura eram dirigidas para outros domínios e havia que contar, também, com a “concorrência” do Corpo Nacional de Escutas, que despertou a preferência dos irmãos, sendo ambos «lobitos» no Agrupamento da Paróquia, do Chefe Petim, tendo Jorge chegado a ser "Chefe de Alcateia" e vindo António a manter-se ligado até hoje, como dirigente, ao CNE.
A prática de diversos desportos era uma constante, desde o futebol, passando pelo ténis e ténis de mesa, ao Minibasket, desporto na época, em fase de implantação e que mereceu logo a adesão de Jorge, em várias equipas, algumas orientadas pelo saudoso treinador “Bic” e pelo treinador-adjunto “Frank”.
A brilhante equipa de Minibasket, treinada por mestre "Bic" e pelo adjunto "Frank", no Pavilhão de Desportos do Clube Ferroviário; sentados, da esquerda para a direita, Mário Lisboa (depois jogador e treinador da mais alta craveira, em Moçambique e em Portugal), Carlos Conceição, Márito Marta da Cruz (mascote), Zé Duro, Rui Pratas Ribeiro; de pé, João Carlos ("Russo"), Júlio (Lito) Peixe, Fernando (Nandocas) Marta da Cruz, mestre "BIC", Jorge Bravo, Carlos Osório de Castro e "Frank", treinador-adjunto.
4 comentários:
Parabéns Jorge, esta breve memória familiar tornou-se num interessante relato histórico, tem sido um prazer para mim.
Lena, deixar este registo, a partir de da memória, de alguns documentos e da tradição oral, é um pretexto para lembrar e homenagear as pessoas que me/nos ajudaram a formar. É um testemunho (pessoalíssimo e mínimo) de uma época histórica que é importante revelar.
Caríssimo Jorgito: na foto no Parque, vislumbrei lá atrás a minha casa.Os meus Pais tinham ali naquele célebre passeio da Casa Reis a Farmácia Nova.... pois também eu me fui criando nesse passeio, entre o Ferreira e Faria e a Casa Dias (inicial). Um abraço para ti e outro para o teu irmão Tózito (o capitão do tambor)! Lúrio
Boa Tarde amigo, gostaria de saber mais sobre uma pessoa que faz referencia de Dégio desenhador técnico municipal de nampula
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