domingo, 5 de janeiro de 2014

Daniel Faria

«Não acredito que cada um tenha o seu lugar. Acredito que cada um é um lugar para os outros»

Rei (Eusébio)

Rei

Nasceste para o Mundo no campo pelado da Mafalala, que foi a tua "escola" e "centro de estágios" (como se diz agora), onde acamaradavas com Craveirinha, esse outro génio do desporto e da escrita. Talvez te tivesses cruzado com Malangatana.
Dominaste a bola de trapos que se colava aos teus pés, e impunhas-te, com mestria e respeito, aos teus adversários.
Vieste em menino para um país distante e tão diferente.
Foste admirado, interesseiramente por uns, genuína e merecidamente por quase todos.
Voavas sobre todos os centrais e eras enorme no espanto e na humildade de menino pobre do subúrbio de um império em erosão, que te exibia como exemplo da pseudo fraternidade multirracial (tu e a "D. Amália", como dizias).
Eras o "Rei" (qual "pantera negra"!!), mas um rei de carne e osso, sofrido, nosso, amistoso.
Tiveste o "mundo a teus pés".
Serás sempre o brilho dos estádios e das multidões, pois só as estrelas brilham depois de mortas.


(Escrito em 5-1-2014)