quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Amália em Nampula



Amália no Clube Ferroviário de Nampula, com senhoras da cidade, aquando da sua última deslocação.
Em fundo, na sombra do restaurante, o cozinheiro observa.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Etnicidades

«(...) bem vistas as contas, todos nós somos mulatos. Só que, em alguns, isso é mais visível por fora».

[Mia Couto, A Varanda do Frangipani]

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Um céu tão próximo




Sob a censura
e os limites celulares
de um céu tão próximo
de Oriente e de Ocidente

vacilaremos no infortúnio
devassando a solidão
das multidões errantes
e suportando o castigo
por não plantarmos as árvores

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Sentinela


Sentinela
escarnecido
do Império
A ti
e aos teus iguais
te saudávamos
admirando-te
o porte altivo
em contraste
com as alpercatas
de improviso
Ficou-nos
o teu riso
tolerante
com os meninos
que te fitavam
Ó fiel sentinela
dum Império
improvavelmente
fragmentado.
A ti te saudamos
como irmãos separados
de mãos dadas

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Ilha de Moçambique

És miragem
no cheiro ofuscante
do cravinho das naus
e da carne padecente
dos escravos
como gado

mesmo assim, és porto amigo
por longos anos,
transportando o sangue
de persas, industânicos e malaios
reconfigurando-te
a negritude vaga
de um passado altivo

tu, para sempre navio
fundeado
sobre a âncora da fortaleza
que abrigou
milagres cristãos
ouvindo preces brâmanes
sob a convocação dos muhedin´s

entrosados em uníssono
ritual de homens
que se encontraram
depois de naufragar
em índicas errâncias

Muipiti

Corpo de desejo, em silêncio
fremente, corpo
de ser que busca infinitos
de ser,
outros espaços.
Leis por fazer e logo
desfazer,
universo que és,
corpo de destino, interior
silêncio da beleza,
pedras de todas as emoções
e infernos,
murmúrios de amores
poeiras
que rasgam a linguagem
do caos e
da morte.

Virgílio de Lemos

Moçambique

Ó Oriente surgido do mar
Ó minha Ilha de Moçambique
Perfume solto no oceano
Como se fosse em pleno ar.


Alberto de Lacerda

A MINHA ILHA

Ilha onde os cães não ladram e onde as crianças brincam
No meio da rua como peregrinos
Dum mundo mais aberto e cristalino

Alberto de Lacerda

Ponta da Ilha

Ó corpos dados com melodia
As melodias do meu ardor!
Ó pretas lindas! Ponta da Ilha!
Vestem soberbos panos de cor.
Deles se despem com grã doçura,
Vénus despida no próprio mar.
É com doçura que negras, lindas,
Desaparecem no meu calor.

Alberto de Lacerda

L' Isle Joyeuse

Ó festa de luz de mar tranquilo
De casas brancas de um branco rosa

Dum tempo antigo que aqui ficou

Ó ilha pura incandescente
Que me geraste três vezes mãe
Três vezes por mim sagrada
Por teres deuses tão variados
Por seres livre da liberdade
Que os gregos deuses orientais
Marcam a fogo um fogo alegre
Naqueles seres naquelas ilhas
Que eles nomeiam seus próprios filhos
Por motivos sobrenaturais

Alberto de Lacerda