domingo, 14 de novembro de 2010

White Hunter Black heart - trailer

África como mero cenário nos enredos da cinematografia de Hollywood. Contudo, há nestes filmes excertos pontuais que são formidáveis documentos da vida real em alguns territórios africanos de meados do séc. XX.

O interesse por África, neste contexto, seria, além da oferta de uma realidade exótica, um certo acordar para um Continente ainda dominado por potências europeias, com algum glamour, que um certo turismo elitista e a perspectiva de imediatos negócios rentáveis projectavam. Um tema a regressar.

Mogambo - trailer (1953)

King Solomon's Mines - Trailer (1950)

Daniel Kachamba - «Tsankho ndi Matenda»

Mais um registo de Daniel Kachamba. Saravah!

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

sábado, 18 de setembro de 2010

L´Isle Joyeuse

Ó festa de luz de mar tranquilo
De casas brancas dum branco rosa
Dum tempo antigo que aqui ficou

Ó ilha pura incandescente
Que me geraste três vezes mãe
Três vezes para mim sagrada
Por teres deuses tão variados
Por seres livre da liberdade
Que os deuses gregos orientais
Marcam a fogo um fogo alegre
Naqueles seres naquelas ilhas
Que eles nomeiam seus próprios filhos
Por motivos sobrenaturais

[Alberto de Lacerda, Exílio]

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Judiarias

Casa de Judeus (Gouveia - actual Centro de Interpretação do PN da Serra da Estrela)



Casa do Judeu (Linhares da Beira)


quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Janelas



Janela de casa de Linhares da Beira

sábado, 21 de agosto de 2010

Série Askari (9)


Janelas


Janela de Linhares da Beira (Casa do Judeu)

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

«Askari»

Askari - Chansons enfantines tanzaniennes - Tanzanie - Mama Lisa's World en français: Comptines et chansons pour les enfants du monde entier

Trata-se de uma pequena canção tradicional escolar. Tema: «O soldado« (askari).
Uma preciosidade.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

António Chainho (LisGoa) - Tema "Zindagi"

«LISGOA» - António Chainho

A cantora indiana é Ruby Machado. O disco é uma revelação.

sábado, 31 de julho de 2010

Forgotten guitars from Mozambique



É um raro documento musical.
Já em tempos, muito oportuna e justamente lembrado (e comentado) no ma-schamba.

Além das habituais casas on-line, disponível, também, na tradisom (foi onde encomendei o meu).
Boa audição.

Kachamba Brothers (Part I 1967)

Mais um «cheirinho» de Kachamba Brothers.

Daniel Kachamba (Malawi)

Música africana (guitarra) do Malawi. O ritmo incorpora o que se convencionava chamar em Moçambique, «simanjemanje». Quiçá tenha reminiscências de outros estilos (blues e jazz, certamente).

Pode encontrar-se um sentido universal neste som. Mais do que divulgar um documento histórico e etno-musicológico singular, trata-se de lembrar verdadeiros artistas esquecidos, na poeira dos tempos. Obrigado Kachamba Brothers (from Malawi).

Descolonizámos o Land-Rover


Já não é carro cobrador de impostos.
Nós descolonizámo-lo.
Já não é terror quando entra na povoação.
Já não é Land-Rover do induna e do sipaio.
É velho e conhece todas as picadas que pisa.
É experiente este carro britânico
Seguro aliado do chicote explorador.
Mas nós descolonizámo-lo:
No matope e no areal
Sua tracção às quatro rodas
Garante chegada às machambas mais distantes
Às cooperativas dos camponeses.
Entra na aldeia e no centro piloto
Ruge militante nas mãos seguras do condutor
Obedece fiel a todas as manobras
Mesmo incompleto por falta de peças.

Descolonizámos o Land-Rover!

Com nossos produtos
Compramos combustível que consome
Com nossa inteligência
Consertamos avarias que surgem
Com nossa luta
Transformamos em amigo este inimigo.
Nós, descolonizadores
Libertámos o Land-Rover
Porque também ficou independente, afinal
Transformaram-se os objectivos que servia
E hoje é militante mecânicoUm desviado reeducado
Uma prostituta reconvertida em nossa companheira.
Descolonizámo-la e com ela casámos
E não haverá divórcio.
De Tete a Cabo Delgado
Do Niassa a Gaza
Da sede provincial ao círculo
Este jeep saúda quando passa
O Caterpillar seu irmão
Outro descolonizado fazedor de estradas
E cruza-se com o Berliet atarefado
Ex-pisador de minas
Eles aprenderam com a G-3
Menina vanguardista na mudança de rumo
A primeira a saber e a gostar
A diferença antagónica
Entre a carícia libertadora das nossas mãos
E o aperto sufocante e opressor do inimigo que servia.

As mãos dos operários que o fabricam
são iguais às mãos dos operários da nossa terra.
Essas mãos inglesas que o criam
Um dia saberão que ajudaram a fazer a revolução
e vão levantar o punho fechado da solidariedade.

Ruge este militante nas picadas da Zambézia
Galga as difíceis estradas de Sofala
Passa pelos pomares de Manica
Pelo milho de Gaza
Pelas palmeiras de Inhambane
Na cidade do Maputo descansa.
Transporta pelo país
Os olhos dos estrangeiros amigos
Que querem conhecer de perto a nossa Revolução

Descolonizámos uma arma do inimigo

Descolonizámos o Land-Rover!

Aquelas quatro rodas e um motor potente
Aquela cabine dos mecanismos de comando
Aquelas linhas da carroçaria irmanadas ao medo
Já não afugentam o povo:
Homens, mulheres e crianças do campo
Fazendo sinal ao condutor,
Pedem boleia.
Nós descolonizámos o Land-Rover
E dele
O povo já não foge!


Albino Magaia, escritor, jornalisa poeta e homem de cultura moçambicano [1947-27 de Março de 2010]

quarta-feira, 9 de junho de 2010

domingo, 6 de junho de 2010

Barra - Inhambane (Moçambique)


Série askari (7)


Só hoje vi a referência do jpt no seu ma-schamba, sobre a Série askari, que aqui se continua.
Grato pela imagem lá posta.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Ademar

Há-de-Mar


Na morte do Ademar Ferreira dos Santos


Dissesse o que dissesse
sempre disse o que pensava

era como um cavalo
sem selo nem sela
correndo livre
contra todas as correntes

O Ademar não se cala assim
no súbito da morte quotidiana,

ele, que apenas nos proibia
a indiferença
continuará a sua luta
contra o conformismo
da auto-congratulação paroquial

erudito ministério
do pensamento,
como um eremita
dos tempos transmodernos
o vamos honrar

domingo, 23 de maio de 2010

sábado, 15 de maio de 2010

Ultimidade das perguntas

Na ultimidade
das perguntas
e o sentido do existir
sob deuses incompreendidos
sem perceber
os brigues que largavam
a carga humana e escravizada
«eram eles humanos, e nós os animais».

Percorrendo
os mares do Mundo
onde cada corpo extinto
acendeu uma estrela
nos Céus de África

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Ilha de Todos



Foste baluarte
mas sempre benevolente
na tua perturbante e improvável harmonia
saudamos-te, bendita terra maternal
porto de abrigo e paz,
mesmo quando incendiada e reflectida
nas águas tranquilas
atrás das copas dos cajueiros,
que se resguardaram em terra firme
não ousando desafiar as húmidas tormentas
do inquieto torrão
inspirando-nos presságios,
aos que em ti, um dia rezámos,
tão infantilmente confiantes
pelas aflições, ex-votos e promessas
todas as humanas preces e orações

és, por isso, Ilha de Todos

domingo, 2 de maio de 2010

Série askari (5)




Dois soldados askaris do Império alemão da África Oriental.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Série Askari (4)


Desfile de "askaris" do Império alemão.
Convém sublinhar que o termo «askari» vem do swahili, e significa «soldado», «homem guerreiro», mas também «homem que anda em volta (e conhece os caminhos)».
Os askaris revelaram-se de importância decisiva nas movimentações e confrontos que tiveram lugar entre as potências europeias que se degladiaram no período da 1.ª Guerra Mundial, na Costa oriental africana.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Série Askari (3)



Askaris do Império alemão perfilados.

domingo, 4 de abril de 2010

Série Askari (2)



Askari do Império alemão (Costa oriental Africana - Oostafrika), empunhando a bandeira do Reich.
Na África Oriental é lendária a gesta do contingente de P. Emil Von Lettow-Vorbeck, único segmento do exército alemão que ocupou, com êxito, território inimigo (do Império inglês) e que não foi batido militarmente, na 1.ª Guerra Mundial (1914-18).

sábado, 3 de abril de 2010

Série Askari (1)


A propósito do livro «O Olho de Hertzog», de João Paulo Borges Coelho, cuja leitura inadiável recomendo a todos os amantes de Moçambique (e a todos os outros), começo a divulgar uma série de reproduções de gravuras e fotos (extraídas de diversos sítios da web), que terão como objecto de interesse central a figura do «askari» (soldado africano ao serviço das potências coloniais).

quinta-feira, 25 de março de 2010

Leandro

O Leandro,
que nada sabia de «bullying»

entrou pela água
do rio da sua terra
e fundiu-se nos ramos e nas rochas
desse rio

porque talvez
sofresse atrozmente
como nunca nenhum escriba
sensacionalista alguma vez sofreu

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Amália em Nampula



Amália no Clube Ferroviário de Nampula, com senhoras da cidade, aquando da sua última deslocação.
Em fundo, na sombra do restaurante, o cozinheiro observa.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Etnicidades

«(...) bem vistas as contas, todos nós somos mulatos. Só que, em alguns, isso é mais visível por fora».

[Mia Couto, A Varanda do Frangipani]

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Um céu tão próximo




Sob a censura
e os limites celulares
de um céu tão próximo
de Oriente e de Ocidente

vacilaremos no infortúnio
devassando a solidão
das multidões errantes
e suportando o castigo
por não plantarmos as árvores

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Sentinela


Sentinela
escarnecido
do Império
A ti
e aos teus iguais
te saudávamos
admirando-te
o porte altivo
em contraste
com as alpercatas
de improviso
Ficou-nos
o teu riso
tolerante
com os meninos
que te fitavam
Ó fiel sentinela
dum Império
improvavelmente
fragmentado.
A ti te saudamos
como irmãos separados
de mãos dadas

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Ilha de Moçambique

És miragem
no cheiro ofuscante
do cravinho das naus
e da carne padecente
dos escravos
como gado

mesmo assim, és porto amigo
por longos anos,
transportando o sangue
de persas, industânicos e malaios
reconfigurando-te
a negritude vaga
de um passado altivo

tu, para sempre navio
fundeado
sobre a âncora da fortaleza
que abrigou
milagres cristãos
ouvindo preces brâmanes
sob a convocação dos muhedin´s

entrosados em uníssono
ritual de homens
que se encontraram
depois de naufragar
em índicas errâncias

Muipiti

Corpo de desejo, em silêncio
fremente, corpo
de ser que busca infinitos
de ser,
outros espaços.
Leis por fazer e logo
desfazer,
universo que és,
corpo de destino, interior
silêncio da beleza,
pedras de todas as emoções
e infernos,
murmúrios de amores
poeiras
que rasgam a linguagem
do caos e
da morte.

Virgílio de Lemos

Moçambique

Ó Oriente surgido do mar
Ó minha Ilha de Moçambique
Perfume solto no oceano
Como se fosse em pleno ar.


Alberto de Lacerda

A MINHA ILHA

Ilha onde os cães não ladram e onde as crianças brincam
No meio da rua como peregrinos
Dum mundo mais aberto e cristalino

Alberto de Lacerda

Ponta da Ilha

Ó corpos dados com melodia
As melodias do meu ardor!
Ó pretas lindas! Ponta da Ilha!
Vestem soberbos panos de cor.
Deles se despem com grã doçura,
Vénus despida no próprio mar.
É com doçura que negras, lindas,
Desaparecem no meu calor.

Alberto de Lacerda

L' Isle Joyeuse

Ó festa de luz de mar tranquilo
De casas brancas de um branco rosa

Dum tempo antigo que aqui ficou

Ó ilha pura incandescente
Que me geraste três vezes mãe
Três vezes por mim sagrada
Por teres deuses tão variados
Por seres livre da liberdade
Que os gregos deuses orientais
Marcam a fogo um fogo alegre
Naqueles seres naquelas ilhas
Que eles nomeiam seus próprios filhos
Por motivos sobrenaturais

Alberto de Lacerda