terça-feira, 12 de julho de 2011

Breve memória familiar e comercial da África Oriental portuguesa (XIII) - José dos Reis Bravo e Maria Vitória: o enlace.

Cumprido o serviço militar no Esquadrão de Cavalaria de Lourenço Marques, entre 1953 e finais de 1954, José dos Reis Bravo regressa a Nampula, para voltar a trabalhar para o Entreposto. Por pouco tempo. Uma vez na capital do Norte, reencontra-se com os amigos e a vida despreocupada de solteiro e desportista.
Espera-o uma surpresa: o tio Domingos dos Reis propõe-lhe que volte a trabalhar consigo, anunciando-lhe a possibilidade de formação de uma futura sociedade, perante a intenção de se retirar da colónia e regressar definitivamente à metrópole.
Todavia, sugere-lhe que, antes, fizesse umas férias para visitar a mãe, Laura dos Reis Carrondo e demais família, na metrópole. José dos Reis Bravo acede às propostas do tio e volta a trabalhar com ele. Mas, aceitando a sugestão, vem à metrópole em finais de 1954, onde fica durante 6 meses. Maria Vitória

Visita a Mãe, irmãs, tios e primos em Braga, Setúbal e Castelo Branco. Nesta visita à metrópole, fica instalado algum tempo em Castelo Branco, na casa do tio Raul dos Reis, veterano da Força expedicionária portuguesa na Guerra de 1914-18, na Flandres. José dos Reis Bravo e Maria Vitória Roxo de Almeida, durante o namoro.



Maria Vitória

Aí, conhece a jovem que viria ser sua mulher, Maria Vitória Roxo de Almeida, filha de Manuel Ramos de Almeida e de Irene Roxo. Maria Vitória tem um irmão mais novo, José Manuel, e vivem próximos de um casal de tios, comerciantes no bairro do Cansado, que sempre foram como segundos pais, Manuel Marques Valadeiro e Maria Arminda Roxo.

Maria Vitória e o irmão, José Manuel Roxo de Almeida.

«Coup de foudre»: José Bravo e Maria Vitória ficam atraídos um pelo outro. Estão enamorados e fazem tudo para se conhecerem melhor, aproveitando todos os momentos para se encontrarem, coisa que, naquela época não era tão facilitada como hoje. Houve algumas reticências iniciais, mas a família Roxo de Almeida rapidamente se apercebeu das sérias intenções de José: iniciam “oficialmente” namoro e há projectos de vida em comum.
A família de Maria de Vitória era amiga da família de José dos Reis Bravo. Os tios (maternos) de Maria Vitória, José Venâncio Leão (que seria director do Conselho de Câmbios de Moçambique e meritório alto funcionário da colónia) e Maria Clara Roxo tinham viajado juntamente com o tio António dos Reis para a colónia, quando todos fizeram parte do projecto das «Missões laicas». Daí ficou estreita amizade, também pela comum origem beirã e pela solidariedade da vida difícil que inicialmente encontrariam em África.

Amigos de José dos Reis Bravo, no passeio em frente ao Hotel Raposo, em Nampula.


José dos Reis Bravo, no entanto, teria de regressar a Nampula e aí preparar as condições para a saída do tio Domingos e a formalização da futura sociedade, o que aconteceu em meados de 1955. A continuação do namoro entre José e Maria Vitória prosseguiria por via postal e telefónica.

José dos Reis Bravo.


José organiza-se para casar e faz ele os preparativos necessários para receber condignamente a noiva em Nampula, meio que era, naquela época, radicalmente diferente do da metrópole e, em particular, de Castelo Branco. Maria Vitória iria encontrar, no início, condições de vida bem diferentes em Nampula, algo inóspitas, não podendo deixar de acusar algum isolamento, apesar de ter família em Lourenço Marques.

José dos Reis Bravo.

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