domingo, 22 de maio de 2011

Breve memória familiar e comercial da África Oriental portuguesa (VII) - o irmão Domingos dos Reis (cont.)

Muito do que Nampula se veio a tornar, ficou a dever-se à actividade empresarial e, também, às funções por si desempenhadas no cargo de vereador e de presidente do Conselho Municipal, que ocupou por diversos mandatos. Vista geral da cidade em 1960.

Contribuiu decisivamente para que Nampula se viesse a metamorfosear de uma vila com potencial de desenvolvimento numa cidade bem planeada e com um urbanismo racional e harmonioso, chegando a adoptar o epíteto de «Nampula – a Linda», convertendo-se na capital do Norte de Moçambique. Ali se instalaram serviços públicos de todas as valências, em que veio a preponderar o Quartel General da Província e, já em meados dos anos 60, o Hospital Egas Moniz, equipamento exemplar para época e ainda hoje constituindo modelo arquitectónico, bem como um Museu, cuja actividade científica no âmbito da etno-antropologia deu origem à edição periódica de um boletim que se veio a converter em referência internacional.
Domingos dos Reis teve, no âmbito dessas atribuições, oportunidade para se tornar proprietário de alguns terrenos cuja localização se veio a revelar privilegiada.

Aspecto da Avenida ex-Presidente Carmona (actual Paulo S. Kankhomba) em frente ao Café Nacional.

Adquiriu praticamente um quarto de um dos quarteirões centrais da parte alta da cidade, compreendido entre o prédio do ex-Lopes Cravo e Pendray Sousa e o edifício da Casa da Câmara (actual Assembleia Municipal, abaixo da ex-Casa Dias, cujo edifício vendeu aos irmãos Acácio e Francisco Dias) e um terreno entre as Avenidas Neutel de Abreu e António Enes, em frente ao Colégio de Nossa Senhora das Vitórias.
Vista actual do 1/4 do quarteirão, em que se vê o edifício de cabeleireiro, o telhado da Sapataria Gonçalves e da Barbearia, o edifício de Domingos dos Reis & Sobrinho, Ld.ª (actual New Stationery) a (Nova) Zuid (ex-Café Nacional), a Primus Modas e a Ourivesaria Tito Martins, vendo-se ainda os telhados da Casa Dias.



Foto do casamento do Domingos dos Reis e de Haidée Lopo.

Com o regresso do irmão João à metrópole, Domingos dos Reis, apesar de casado e de ter duas filhas, sente a necessidade de um apoio, preferencialmente familiar, para o ajudar a desdobrar-se nas suas tarefas empresariais.




Propoe, assim, a um sobrinho, José, filho da irmã Laura, na época estudante em Braga, a sua ida para Nampula, o qual, com 14 anos, e obtido o acordo familiar, em 1946, aceita o desafio e parte para o território numa das viagens de regresso em que o tio Domingos viera, com a família, em férias, à metrópole.

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