quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Negotia gerimus bene

Para começar: o seu ar triunfal muitas vezes escondia uma paradoxal melancolia. Estava ali com os outros, por vezes horas, em convívio cavalar, as boas maneiras eram suspensas. Os discursos glosavam, já se vê, viagens, gajas, vinhos e carros. Tinham-se deixado dessa veleidade que é a leitura. Já bastava o terem «queimado tanto as pestanas» na Universidade, uma longínqua e indispensável etapa para se catapultarem para o estatuto que hoje ocupam: ceo, administrador-delegado, gestor de topo, senhas de presença, prémios de reconhecimento, carro, cartão e telemóvel. Secretária e três viagens por ano. Férias pagas no estrangeiro.
Sim, as medidas aprovadas, foram tomadas com alguma mágoa; mas eram inevitáveis, pelo menos no sentido em que acalmavam os accionistas, que achavam que, assim, era possível reestruturar a empresa e abrir novas oportunidades de negócio. Mal eles sabiam que, afinal, a contabilidade fora martelada.
E, daí a dias, entraria entrada em Juízo um requerimento de insolvência.

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