terça-feira, 2 de agosto de 2011

Breve memória familiar e comercial da África Oriental portuguesa (XIV) – A sociedade Domingos dos Reis & Sobrinho, Ld.ª

No final da estadia na metrópole, em que conhecera Maria Vitória, que viria a ser sua futura esposa, José dos Reis Bravo regressa a Nampula. Estávamos em inícios de 1956.
Ao voltar a África, o propósito era, naturalmente, o de continuar a trabalhar com o tio Domingos dos Reis, o qual o incentivara a fazer a visita à Mãe, Laura dos Reis, e demais família. No entanto, o tio Domingos tinha outros projectos. Pensara em retirar-se definitivamente de Moçambique e regressar com a esposa e filhas à metrópole. Porém, apesar de ter alguns colaboradores com quem já trabalhava há algum tempo, precisava de alguém em quem pudesse depositar a máxima confiança.
O sobrinho José dos Reis Bravo estava, segundo a sua avaliação, preparado e adquirira experiência necessária para a gestão dos negócios, que, entretanto, expandira: agência de lotarias, valores selados, jornais (de Moçambique e da metrópole) e revistas (APR), seguros, importação e exportação de bebidas, brindes, papelaria, livraria, gestão do parque imobiliário. Além da confiança que nele depositava, achava-o suficientemente responsável para, sozinho, ficar à frente da empresa, no que seria auxiliado pelos demais colaboradores, nativos e europeus, bem como pela esposa, quando a mesma fosse ao seu encontro.
Contudo, era necessário dar forma a essa colaboração; a formalização de uma sociedade por quotas foi a solução encontrada. A sociedade Domingos dos Reis & Sobrinho, Ld.ª foi formalizada em 27 de Abril de 1956; o objecto era o da “exploração de todas as operações comerciais” em que acordassem os sócios, com excepção do negócio bancário. Ambicioso. Como na África de então se podia ser. Rosto da escritura da sociedade Domingos dos Reis & Sobrinho, Ld.ª. Segunda página da escritura social, onde se pode ler o objecto da sociedade.



A sociedade ficou instalada no estabelecimento Casa Reis, edifício situado ao lado direito da sede da Zuid Afrikaansch Handelshuis, que partilhava com a Ourivesaria Tito Martins (que anos mais tarde cederia o espaço para a expansão do estabelecimento da Casa Reis a todo o rés-do-chão). A residência de José dos Reis Bravo seria no piso superior do estabelecimento.
Domingos dos Reis constata que a experiência corre bem e decide retirar-se definitivamente do território, reformando-se em Lisboa, e passando a ir periodicamente a Nampula, para se inteirar in loco do curso dos negócios.

José dos Reis Bravo Aspecto geral de Nampula.

Nampula tornara-se já uma promissora cidade, constituindo o epicentro de toda uma próspera e empreendedora região, o Norte de Moçambique, destacando-se o incremento nas culturas agrícolas de algodão, tabaco, sisal, cajú, chá, nas indústrias associadas, na agro-pecuária, bem como em muitas outras actividades comerciais e industriais, além do Ensino e do Comando Militar da Província.




Aspecto geral de Nampula.


No dia 19 de Setembro de 1956, o Jornal de Notícias de Moçambique, de que a firma Domingos dos Reis & Sobrinho, Ld.ª era agente no Distrito de Nampula, noticia o que se entendia ser uma viagem de férias da família do tio Domingos, à metrópole, via Canal do Suez e Itália. No entanto, era o que seria já a viagem de regresso. Definitivo.

"Notícias" de 19-09-1956.


Em Moçambique, permanece José dos Reis Bravo, ali continuando, de acordo com o firmado, a gestão dos negócios da sociedade.

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