domingo, 12 de junho de 2011

Breve memória familiar e comercial da África Oriental portuguesa (X) - José dos Reis Bravo no Café Nacional (do Hotel Raposo)

A década de 50 do séc. XX adivinhava-se promissora, em termos de desenvolvimento dos territórios do Norte de Moçambique, o que motivou o incremento da vila de Nampula, assumindo já então o estatuto de «capital do Norte».
Hotel Raposo (em 1950, na esquina do mesmo quarteirão do edifício da original firma João dos Reis)

O edifício do ex-Hotel Raposo, na actualidade (foto de Paulo Pires Teixeira)


A família de Domingos dos Reis estava ligada, como atrás se disse, à família Raposo. Domingos dos Reis era casado com Haidée Lopo, filha de Alice Lopo, esposa do Senhor Raposo, reputado empresário hoteleiro, que geria os hotéis «Raposo» da Ilha de Moçambique – que ficava onde actualmente funciona a Escola Secundária –, do Lumbo – que funcionava como “desdobramento” das necessidades daquele, para as pessoas que prosseguiam viagem para o interior – e de Nampula.
O casal Domingos dos Reis e Haidée Lopo (à esquerda), com os tios de Domingos, Senhor Artur Martins Carrondo, Director da Fazenda de Porto Amélia e de Nampula, e esposa, com o serviçal «Pequenino», filho do empregado «28», do Clube Niassa.

O senhor Raposo tinha outro filho, Homero Raposo, então estudante na África do Sul, antes de casar e de optar por uma vida mais autónoma e aventurosa em Mandimba e na margem do Lago Niassa, onde, com a esposa Alda, passou a gerir pequenas empresas de pesca artesanal, de retalho, de compra e venda de produtos agrícolas e de fotografia. A filha do casal Domingos dos Reis, Natália (à esquerda) com Maria Helena Morgado (irmã do Dr. José Miguel Morgado, que veio a ser reitor do Liceu Gago Coutinho)



Os hotéis Raposo eram referências de qualidade de alojamento, numa época colonial de escassez de oferta hoteleira, em que os empregados envergavam, invariavelmente, os trajes de inspiração swahíli, com seus barretes grenat, com serviço impecável a muitos hóspedes que pisavam pela primeira vez terras de África.

É neste contexto, que, em dado momento, em finais de 1950 se torna necessário substituir o gerente do Bar e Café do Hotel Raposo de Nampula, pelo que o lugar é oferecido a José dos Reis Bravo, que o aceita, passando a gerir o mesmo sob a designação de «Café Nacional», agora no edifício do Hotel Raposo, em Nampula (uma vez que o anterior Café Nacional se havia extinto, com o arrendamento do edifício à firma Zuid). José dos Reis Bravo, após ter iniciado as funções de gerência do Café Nacional (do Hotel Raposo de Nampula)
José dos Reis Bravo em frente ao Hotel Raposo, em Nampula
José dos Reis Bravo e colegas



O Café Nacional passou, então, a ser local de encontro emblemático de Nampula, em que confraternizavam funcionários dos CFM, bancários, militares, administrativos, agricultores («machambeiros»), empresários, empregados comerciais, entre outros, sendo uma das diversões preferenciais o jogo de dados mediante apostas, em que se apostava uma garrafa de cerveja (depois de no anterior Café Nacional de apostar uma caixa de cerveja). A família Raposo (vendo-se Homero Raposo, à esquerda, e a mãe deste e de Haidée Lopo, D. Alice Lopo Duque Raposo, à direita) com amigos, entre os quais se vê o Eng.º Melo Duque, dos CFM, na varanda no Hotel.

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