quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Para a história da aviação em Moçambique

CR-ADH


CR-ADG


O voando em moçambique publicou imagens dos aviões CR-ADG, CR-ADH e CR-ADM, que se encontravam nos albuns familiares.

Ficam estes dois exemplares.

domingo, 25 de setembro de 2011

Breve memória familiar e comercial da África Oriental portuguesa (XVI) – O quotidiano de uma família nos Anos 60 em Moçambique (parte 1.ª)

Não era, apesar de tudo, fácil a adaptação a África nos anos 50 do século passado, para um europeu que nunca ali estivera, para mais uma jovem oriunda de uma cidade de província em Portugal. Maria Vitória deparou-se com dificuldades diversas, desde o clima, passando pela gestão da nova casa, até algumas preocupações com o desempenho de tarefas no auxílio do marido, José dos Reis Bravo, no âmbito comercial.Maria Ricardo, Maria Vitória e José Ricardo.

Nesse período de instalação, foram muito apoiados pelo já atrás mencionado casal composto por José e Maria Ricardo, pessoas com larga experiência da colónia e que, praticamente, por não terem filhos, quiseram tornar-se figuras tutelares de José Bravo e Maria Vitória. D. Maria Ricardo considerava-se mesmo a «mãe africana» de Maria Vitória. O senhor José Ricardo era uma individualidade invulgarmente avançada para a época. Era um casal que explorava uma machamba, nos arredores de Nampula (perto do Bairro da Namutequeliua). Para além de ser fervoroso vegetariano, defendendo já uma peculiar relação de harmonia entre o Homem e o meio envolvente (com conceitos algo datados, mas cuja essência era eminentemente ecológica), empregava nativos e com eles estabelecia um relacionamento bem diferenciado do que era comum nas demais explorações, advogando a escassa utilização de fertilizantes químicos no cultivo dos produtos agrícolas. Baptizado de António José, na catedral de Nampula, onde se reconhece, além dos pais, o casal Ricardo.

O primeiro filho do casal José e Maria Vitória, António José, nasceu praticamente um ano após o seu casamento, no dia 26 de Abril de 1958 (dia de aniversário de José dos Reis Bravo). Maria Vitória teve o seu primeiro filho na Casa de Saúde do Marrere, para onde foi transportada de táxi, pelas 06h00. José dos Reis Bravo só ao final da tarde voltou à Casa de Saúde, de lambreta (seu meio de transporte, na época), fazendo cerca de 10 Kms em picada. Porém, tudo decorreu com normalidade.
Apesar de os seus padrinhos serem a sua avó Laura e o tio-avô António, o casal Ricardo quis figurar como "padrinhos por procuração” (dado aqueles se encontrarem na metrópole).

Maria Vitória e António José, no estabelecimento Casa Reis.

António José, com tambor, próximo do Volvo do senhor Tito Martins, proprietário da ourivesaria ao lado da Casa Reis.



Passados dois anos, em 9 de Agosto de 1960, nasce o segundo filho do casal, Jorge Manuel, também na Casa de Saúde do Marrere, da qual – curiosamente, como se narrará adiante –, José dos Reis Bravo veio a ser Provedor, anos mais tarde. Também por ocasião do nascimento desse filho, o casal Ricardo quis acompanhar de perto o processo, estando presente no baptizado, sendo, no entanto, os padrinhos os avós maternos do novo bebé, Irene e Manuel.

António e Jorge, comprando amendoim ("torrado") a um vendedor ambulante.


O início da luta armada (Guerra de Libertação/Guerra Colonial) em Moçambique fez o casal José e Maria Vitória ponderar um regresso à metrópole, temporário ou definitivo, de forma a não expor os filhos a riscos desnecessários. No entanto, a evolução do processo bélico, com o confinamento das zonas de combate, e o facto de Nampula ser o Quartel-General das Forças Armadas na Província, fez com que na região nunca tivesse havido confrontos que inspirassem preocupações excessivas.


José dos Reis Bravo e o filho Jorge

O casal permanece em Moçambique com os filhos, e a vida prossegue com a normalidade do quotidiano de um auge de sistema colonial, que experimentaram. Para o melhor e para o pior.



José dos Reis Bravo e os filhos, frente ao estabelecimento Casa Reis

O território conhecia, então, um processo de desenvolvimento urbano, agrícola, industrial, viário e de transportes, que se desenrolava a um ritmo assinalável. Nampula torna-se um centro urbano progressivo, com equipamentos que permitiam uma qualidade de vida de excepção, evidentemente não extensivo a todos os cidadãos, nomeadamente os nativos africanos, que só marginalmente beneficiaram desse desenvolvimento.


Aspecto parcial de Nampula, em inícios dos anos 60 do séc. passado (foto ext. do Livro Recordações de Moçambique, Carlos Alberto Vieira, Aletheia Ed.).

Em 1964, o regime colonial orgulhava-se de apresentar o primeiro (e, pensa-se que único) Presidente da Câmara Municipal negro, o depois deputado Pedro Baessa (entre 1969 e 1973), de pai cabo-verdiano (Pedro Baessa, sénior), intérprete na batalha de Marracuene, nas campanhas de pacificação de Caldas Xavier, e de mãe moçambicana (e cuja filha, Lizete Baessa, «a Tia Preta, de Chelas» morreu em Lisboa, em Julho de 2011). Esta é, também uma homenagem a esse homem singular, que viveu servindo, à sua maneira, o seu povo, sem olhar a etnias, credos ou posses.




Pedro Baessa, Presidente da Câmara Municipal de Nampula e deputado à Assembleia Nacional (entre 1969 e 1973).

sábado, 24 de setembro de 2011

O Regresso dos Lusíadas

Vela parda, barca sem leme
ao leme da aventura desventurada,
à praia original regressamos: granito
e basalto, livor de estátuas perfiladas,
friagem do sono sem sonhos

As chagas do tempo e da febre,
as cicatrizes da ausência e do olvido,
emprestam à madeira ardida
dos rostos a pintura de estrangeiros.
Incómoda memória sangrada

em silêncio, ao longo da noite perplexa,
à praça original regressamos:
surda e endurecida no gosto
da cobiça, não concede a pátria
o favor que havia de acender

o engenho. E a magra tença,
se mal resguarda o corpo enfermo,
menos guarda o inverno da alma.
Em cinzas e sombras no abismo
baixaremos: esconjuros e autos-de-fé

não logram corromper a árdua
incomburência do testemunho
que somos; mais que a fria
laje da hipocrisia, durará
o remorso desta voz enrouquecida.

{Rui Knopfli, A Ilha de Próspero}

sábado, 17 de setembro de 2011

Um Presidente da CMIM visionário

Uma ponte entre a Ilha de Moçambique e o continente foi sempre um sonho das populações da Ilha e dos residentes em terra firme. O presidente da Câmara Municipal da Ilha de Moçambique António de Oliveira (abaixo caricaturado por Vilela) teve o propósito de empreender esse projecto, que não foi possível no decurso da sua gestão.
O presidente António de Oliveira, caricaturada no jornal «Notícias».
A ponte do Prof. Engenheiro Edgar Cardoso, aquando da sua inauguração.
Só na segunda metade da década de 60 do século passado o Professor Engenheiro Edgar Cardoso projectou a ponte que foi executada e inaugurada em 1967, e que lá se mantém, após ter sido reabilitada entre 2004 e 2006, tendo-se optado por localizá-la ligeiramente a Sul e ligando-a ao Lumbo.
Actualmente continua a ser o principal acesso à Ilha.
Convém esclarecer que a ponte, por se não prever um especial acréscimo de tráfego, tem uma faixa de rodagem com uma única «via de trânsito», tendo refúgios laterais para permitir o cruzamento de veículos.

«Mulheres de Camilo»

«Mulheres de Camilo», até 31 de Outubro de 2011
Centro de Exposições Cónego Cândido Pedrosa
(Casa das Estampas)
Bom Jesus do Monte - Braga.

«Mulheres, ainda que sejam primas, foram, são, e hão-de ser, cada vez mais, a máxima formosura deste planeta. Se as tiram de cá, isto é imundo, a vida é um desterro, e vaidade, o coração, a bravura, o talento, a glória são palavras sem significação. O que restaria? Um enxame de bípedes, agatinhando numa bola feiamente achatada para os polos, cousa ridícula, que fez dar risadas estrondosas àquele Micromegas, habitante da estrela Sírio, de que fala Voltaire».


{Camilo Castelo Branco, Duas horas de leitura}

domingo, 11 de setembro de 2011

Museus da Ilha de Moçambique

A ponte cais foi restaurada. A praça em frente ao Museu (ex-palácio do Governador e ex-Colégio dos Jesuítas) está arranjada.
Que melhor destino?

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Série Askari (20)

Askaris do Império colonial alemão (África Oriental - Tanganica)

domingo, 4 de setembro de 2011

Gente da Colónia - O Senhor Raposo


Caricatura do Senhor Carlos Ferreira Raposo, por Vilela.

Na «Breve memória familiar e comercial da África Oriental Portuguesa» já por mais de uma vez tivemos oportunidade de falar no Senhor Raposo, dono de Hotéis na Ilha de Moçambique, no Lumbo e em Nampula.
Trata-se de Carlos Ferreira Raposo, que foi sogro de Domingos dos Reis, aqui caricaturado em edição do jornal «Notícias», por Vilela (não sendo possível recuperar a data; a referência ao ano de 1932 deve reportar-se ao estabelecimento do Senhor Raposo em Moçambique).

Hotel Raposo (e Café Nacional) em Nampula.


Os seus hotéis foram importantes equipamentos no apoio à fase inicial do estabelecimento de centenas de colonos que demandavam a então colónia de Moçambique, bem como de turistas, passageiros e tripulações de muitos navios que faziam escala no porto da Ilha de Moçambique (fundeando ao largo).


Hotel do Lumbo.